Segunda fase do Modernismo – Prosa Resumo e características
Os autores desse período eram extremamente politizados, então em suas obras eles denunciam a opressão e as coisas erradas da sociedade. Nesse período os escritores também ficaram conhecidos como neo-realistas, porque trazem alguns aspectos do realismo, como romances lineares e análises psicológicas dos personagens.
Como esses escritores denunciavam várias situações políticas, alguns chegaram a ser até mesmo presos, e sofreram muito com isso, refletindo nas obras literárias.
Contexto Histórico da Segunda Fase do Modernismo – Prosa
Como a prosa na segunda fase do modernismo aconteceu no mesmo período que a poesia, seu contexto histórico é mesmo. Então temos a quebra da bolsa de valores de Nova York, a falta de compradores para o café brasileiro (precisando até mesmo queimar café para poder se livrar de tanta produção!), golpe militar no Brasil, com Getúlio Vargas assumindo o poder, e a Segunda Guerra Mundial.
Contexto Histórico da Segunda Fase do Modernismo – Prosa
Rachel de Queiroz
Foi a primeira mulher a entrar na Academia Brasileira de Letras, e sua literatura denunciava os problemas sociais. A principal obra literária dela é “O Quinze”, que fala da seca e do sertanejo. Rachel passou por esse problema, então fala sobre o assunto com propriedade, denunciando a opressão.
EXEMPLO
“E se não fosse uma raiz de mucunã arrancada aqui e além, ou alguma batata-brava que a seca ensina a comer, teriam ficado todos pelo caminho, nessas estradas de barro ruivo, semeado de pedras, por onde eles trotavam trôpegos, se arrastando e gemendo”.
Trecho de O Quinze
Jorge Amado
Com certeza você já leu ou viu uma obra de Jorge Amado. Isso mesmo! “Viu” porque seus livros já foram adaptados para a TV e o cinema diversas vezes! Capitães da Areia, Tieta do Agreste, A morte e a morte de Quincas Berro D’água, Dona Flor e seus dois maridos, Gabriela Cravo e Canela são alguns exemplos.
O autor tem duas fases. A primeira é mais panfletária, e ele denuncia os problemas sociais, como em Capitães da Areia, que trata sobre meninos pobres da Bahia, que vivem nas ruas.
Na segunda fase Jorge Amado traz questões menos politizadas em sua obra, como crônicas de costumes populares, mas sempre retratando a Bahia. Os personagens dessa fase são mais caricatos, como Gabriela, Dona Flor e Tieta.
EXEMPLO
“Só Gabriela parecia não sentir a caminhada, seus pés como que deslizando pela picada muitas vezes aberta na hora a golpes de facão, na mata virgem. Como se não existissem as pedras, os tocos, os cipós emaranhados. A poeira dos caminhos da caatinga a cobrira tão por completo que era impossível distinguir seus traços. Nos cabelos já não penetrava o pedaço de pente, tanto pó se acumulara. Parecia uma demente perdida nos caminhos. Mas Clemente sabia como ela era deveras e o sabia em cada partícula de seu ser, na ponta dos dedos e na pele do peito. Quando os dois grupos se encontraram, no começo da viagem, a cor do rosto de Gabriela e de suas pernas era ainda visível e os cabelos rolavam sobre o cangote, espalhando perfume. Ainda agora, através da sujeira a envolvê-la, ele a enxergava como a vira no primeiro dia, encostada numa árvore, o corpo esguio, o rosto sorridente, mordendo uma goiaba.”
Trecho de Gabriela Cravo e Canela
Graciliano Ramos
Autor de Vidas Secas, que mostra a triste realidade da seca do Nordeste. Importante observar que todos seus personagens são produto do meio em que vivem, fazendo uma grande crítica social. A gramática é bem direta, falando apenas o necessário e que precisa ser dito, sem enrolação.
EXEMPLO
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“Fabiano procurou em vão perceber um toque de chocalho. Avizinhou-se da casa, bateu, tentou forçar a porta. Encontrando resistência, penetrou num cercadinho cheio de plantas mortas, rodeou a tapera, alcançou o terreiro do fundo, viu um barreiro vazio, um bosque de catingueiras murchas, um pé de turco e o prolongamento da cerca do curral. Trepou-se no mourão do canto, examinou a catinga, onde avultavam as ossadas e o negrume dos urubus. Desceu, empurrou a porta da cozinha. Voltou desanimado, ficou um instante no copiar, fazendo tenção de hospedar ali a família. Mas chegando aos juazeiros, encontrou os meninos adormecidos e não quis acordá-los. Foi apanhar gravetos, trouxe do chiqueiro das cabras uma braçada de madeira meio roída pelo cupim, arrancou touceiras de macambira, arrumou tudo para a fogueira.”
Trecho de Vidas Secas
“Fabiano procurou em vão perceber um toque de chocalho. Avizinhou-se da casa, bateu, tentou forçar a porta. Encontrando resistência, penetrou num cercadinho cheio de plantas mortas, rodeou a tapera, alcançou o terreiro do fundo, viu um barreiro vazio, um bosque de catingueiras murchas, um pé de turco e o prolongamento da cerca do curral. Trepou-se no mourão do canto, examinou a catinga, onde avultavam as ossadas e o negrume dos urubus. Desceu, empurrou a porta da cozinha. Voltou desanimado, ficou um instante no copiar, fazendo tenção de hospedar ali a família. Mas chegando aos juazeiros, encontrou os meninos adormecidos e não quis acordá-los. Foi apanhar gravetos, trouxe do chiqueiro das cabras uma braçada de madeira meio roída pelo cupim, arrancou touceiras de macambira, arrumou tudo para a fogueira.”
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